Acabei hoje de ler o Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago. Gostei, mas gostei mesmo, do género, não conseguir parar de ler no final da hora de almoço e quase chegar atrasada ao emprego...
Não me assustou a falada falta de pontuação (afinal até tem bastantes, virgulas e pontos finais), a falta de parágrafos, o espaçamento simples do texto ou os diálogos sem os característicos dois pontos, parágrafo, travessão. O que mais me marcou foram as descrições de cenários completamente horríveis, nojentos, mórbidos e violentos.
Além da frase já postada, também me marcaram "...Bem, muito obrigado, sem dúvida a telefonista perguntara, Como está, senhor doutor, é o que dizemos quando não queremos dar parte de fraco, dissemos, Bem, e estávamos a morrer, a isto chama o vulgo fazer das tripas coração, fenómeno de conversão visceral que só na espécie humana tem sido observado." (pág 41);
"Meu general, esta deve ser a doença mais lógica do mundo, o olho que está cego transmite a cegueira ao olho que vê, já se viu coisa mais simples, Temos aqui um coronel que acha que a soluçao era ir matando os cegos á medida qe fossem aparecendo, Mortos em vez de cegos não alteraria muito o quadro, Estar cego não é estar morto, Sim, mas estar morto é estar cego [...], Quer saber a novidade, aquele coronel de quem lhe falei cegou, A ver agora que pensará ele da ideia que tinha, Já pensou, deu um tiro na cabeça, Coerente atitude, sim senhor, O exército está sempre pronto a dar o exemplo" (pág 111);
"... pela primeira vez perguntou se tinha alguma razão para continuar a viver. Não achou resposta, as respostas não vêm sempre que são precisas, e mesmo sucede muitas vezes que ter de ficar simplesmente à espera delas é a única resposta possível" (pág 249)
Uma coisa é certa o filme está fora de questão e não me parece que vá reler o livro. São quase 310 pág de realidade felizmente desconhecida...
beijo
busycat
Nota: amanhã: Querido Dexter...
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