do livro que acabei de ler.
"Quando se deixa cair um copo ou um prato ao chão provoca-se um estrondo de estilhaços. Quando o vidro de uma janela se quebra, a perna de uma mesa se parte, ou quando um quadro cai da parede faz barulho. Mas quando o vosso coraçao se parte, isso acontece no mais absoluto silêncio. Podem pensar que, como é uma coisa muito importante, talvez devesse provocar o barulho mais sonoro jamais ouvido, ou então até devia fazer um ruído qualquer cerimonioso, como o gongo de um címbalo ou o toque de uma campainha. Mas é silencioso, e vocês quase desejam que houvesse um barulho qualquer que vos distraísse da dor que sentem.
Se há algum barulho, ele é interno. Grita e ninguém consegue ouvi-lo excepto vocês. Grita tão alto que os vossos ouvidos retinem e a cabeça vos dói. Fustiga-vos violentamente o peito como um grande tubarão branco apanhado no mar; ruge como uma mãe ursa cuja cria lhe tivesse sido tirada. É isso que parece e é assim que soa, uma grande fera que se debate em pânico por se sentir presa, bramindo como um prisioneiro que quer gritar o que sente. Mas o amor é assim; ninguém está a salvo. É tão brutal quanto isso, tão lancinante como uma ferida aberta na carne e exposta à água salgada do mar, mas quando se quebra mesmo, fá-lo em silêncio. Vocês só gritam para dentro, e ninguém consegue ouvir-vos."
Gostei.
beijo
busycat
(retirado de "Se me pudesses ver agora" de Cecelia Ahern págs 230 e 231.)